segunda-feira, 2 de abril de 2012

A RENÚNCIA E A ENTREGA A DEUS – (PARTE FINAL )


         O verdadeiro renunciante é aquele que, possuindo discernimento espiritual, nada aborrece nem nada deseja. Ele transcendeu as dualidades e está inteiramente entrega à vontade divina, sempre disposto a realizar os atos necessários e legítimos sem preferências nem rejeições.
            As pessoas que não possuem discernimento sintético têm mais dificuldade de renunciar aos frutos da ação.Aqueles, porém, que possuem esse discernimento  do Espirito  Universal que a tudo compenetra a tudo  sustenta, conseguem, com maior facilidade, livrar-se das prisões geradas pelo apego aos frutos dos atos.
Os que já alcançaram o discernimento transcendente, mesmo que estejam ocupados com a realização de ações, não quedam escravizados pelos seus frutos, pois compreendem que tudo é da natureza de Deus.
Para alcançar o estado de renúncia e entrega é preciso abandonar o egoísmo e as ideações da personalidade.
Considera-se como perfeito na renúncia e na entrega aqueles que não estão apegados às ações que geram prazeres nos sentidos e que, também, renunciaram aos desejos gerados pela paixão.
O verdadeiro renunciante sabe que a omissão dos deveres nunca é aprovada e que não se deve deixar de executar os atos necessários em razão de dificuldades ou por temor ao esforço físico.
Ele também não deixa de executar as ações somente porque elas, juntamente com seus frutos, sejam desagradáveis, nem tampouco as cumpre somente porque sejam agradáveis.
Os que não são verdadeiros renunciantes consideram os frutos das ações de três maneiras: agradáveis,  desagradáveis e misto. Isso nunca é assim para o verdadeiro renunciante.
Ele sabe que as dualidades  de gosto e desgosto residem nos sentidos, que tomam contato com os objetos que os impressionam.  Por isso, nunca  cede à influência delas,  pois ambas confundem a visão do caminho da verdadeira ação.
A paixão pessoal é como um fogo voraz que consome o entendimento até das pessoas mais inteligentes. Por isso, é que a paixão e o seu resultado, a ira, são considerados como o mais pernicioso e destrutivo inimigo da reta conduta.
Esse inimigo tem sua influência e campo de operação nos sentidos, na mente e no intelecto, e são estes que obscurecem o discernimento espiritual e confundem os aspirantes.
O grande conselho dos Conhecedores da Verdade é que, como um primeiro passo, deve-se dirigir espiritualmente os sentidos, para derrotar as paixões que obstruem a inteligência e o conhecimento.
Estes são os ensinamentos que, sobre o tema, nos oferece o Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto*.


            *Edição Suddha Dharma Mandalam, composta de 26 capítulos.




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