terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A RENÚNCIA E A ENTREGA A DEUS – ( PRIMEIRA PARTE )


    Muitas pessoas  buscam renunciar ao  egoísmo  e  entregar-se nas mãos de Deus, como forma de realizar a grande finalidade da Vida.  A dificuldade  para tornar concreto  esse propósito é descobrir, na dinâmica da vida,  o que constitui  o estado de   renúncia de si mesmo  e  de entrega à Vontade Divina.
   Alguns sábios declaram que isso significa desistir da ação que proporciona  frutos pessoais. Outros sustentam que significa a abrir mão dos  resultados de todas as ações, quer sejam  boas, más e indiferentes. Por fim, alguns eruditos sustentam que  esse estado de renúncia e de entrega significa não realizar qualquer ação que possa causar dano aos outros seres.
   Ao contrário do que muita gente pensa, o estado de renúncia e entrega  não representa uma postura de  ociosa passividade no mundo, porém um estado dinâmico de  completa integração no  Movimento da Vida, mediante a realização  dos atos necessários e legítimos.
    O Bhagavad Gita ensina que  renúncia e a entrega constituem aquele estado ou condição em que as pessoas estão profundamente comprometidas com a execução de atos impessoais com vistas à prosperidade do mundo. Entre esses atos, destacam-se a caridade, os sacrifícios e as austeridades.
    A verdadeira Caridade é aquela que é feita sem esperar retribuição e com o devido discernimento quanto à oportunidade, o lugar e a conveniência.
    O verdadeiro Sacrifício é aquele que é feito corretamente por alguém que não deseja fruto algum como recompensa e considera sua execução como justamente necessária.
    As Austeridades são de três tipos. As do Corpo, que são constituídas pela reverência a Deus, presente no Santuário do nosso próprio Coração, ao Guru ou Mestre  pessoal, aos Iniciados, aos Seres Divinos e, também, pela  retidão de conduta, pela limpeza, continência e por uma profunda humildade.
   As Austeridades da Palavra são constituídas por uma linguagem inofensiva, a qual deve ser verídica, doce e benéfica e também pelo estudo continuado da Ciência da Síntese, contida no Bhagavad Gita. E, finalmente, as Austeridades da Mente, que são constituídas pela serenidade de pensamento, pelo contentamento, a calma, a vigilância mental e pela  a pureza de intenção.
     As  Leis Divinas exigem, como requisito essencial, que  esses atos de caridade, sacrifício e austeridades,  entre os quais se incluem aqueles que correspondem aos nossos deveres como cidadão, pais, filhos, irmãos, empregados, patrões, etc,  sejam executados desapaixonadamente e sem desejar o seu fruto.  Sem a observância desses requisitos fundamentais,  não pode ocorrer o  verdadeiro estado de renúncia e entrega.
    É muito importante a realização dessas ações desinteressadas, porque, do cumprimento delas, se derivam infinitas bênçãos. Os Conhecedores da Verdade ensinam que, sem a execução delas, o curso da nossa  vida no processo do mundo, nunca será totalmente cumprido.
    Isso é assim porque  vivemos   em um mundo da ação, onde os seres humanos  evoluem mediante a execução de atos. A realização das ações, portanto,  nunca pode ser abandonada inteiramente, visto que  elas  fazem parte integrante da engrenagem que movimenta o processo de transformação do mundo.
    Se alguém, impulsionado pelo egoísmo,  decidir que  não vai realizar mais qualquer tipo de ação, essa deliberação não se cumprirá, porque as energias da evolução, que estão presentes no seu próprio corpo, o impelirão a agir.
   A única coisa que pode e deve ser feita, por constituir um importante meio de purificação da alma, é  a renúncia aos resultados das ações. Estes devem ser oferecidos a Deus, que é  o verdadeiro Ator Universal.
   Essa dedicação dos frutos das ações a Deus constitui  um  meio seguro de liberação  dos apegos que escravizam  o homem na corrente  dos desejos intermináveis.
    Aquele que renuncia aos frutos das ações consegue paz. Quem não renuncia aos frutos da ação pelo desejo permanece ligado, tornando-se prisioneiro das paixões, que escravizam e fazem sofrer.(Continua na próxima postagem)


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MEDITAÇÃO - UMA PRÁTICA PARA CONTROLAR A MENTE


      A mente humana é inquieta, agitada, poderosa e obstinada. O seu domínio parece tão difícil como sujeitar o Vento.
     Embora agitada e inconstante, a mente pode ser controlada pela Prática da Meditação na Unidade.    Outra forma de discipliná-la é através do desapaixonamento nas relações sociais, pessoais e em todas as ações.
     É importante trabalhar-se com o conceito correto da Unidade, compreendendo que “todos os seres nasceram de dentro do Espírito Universal que a tudo compenetra e a tudo sustenta, numa ordem constante e em vida eterna.”
   “E que, portanto, todos os seres, inferiores como superiores, participam de uma mesma vida e formam, nos espaços infinitos, um só corpo cósmico.”
      Essa Prática de Meditação nunca atrai nenhum mal e é o meio mais apropriado para alcançar-se a tranquilidade. Para aqueles que já alcançaram esse estado de paz, ela será sempre seu apoio fundamental.
     Para realizar-se com êxito essa prática, é importante o equilíbrio nos hábitos de alimentação e de sono, não comendo, nem dormindo, demais, nem de menos.
     Em um lugar solitário, tranquilo, sem temor algum, em permanente continência, sempre dirigindo sua mente para a Suprema Unidade, desapegado e desapaixonado, o aspirante deve manter a mente, os sentido e o pensamento devidamente controlados.
    Com os olhos fechados, mantendo-se reto e imóvel o corpo, o queixo e a cabeça uniformemente em linha, sem distração mental, fixando a vista na raiz do nariz, entre as sobrancelhas, deve-se executar essa Prática de Meditação para purificação da Mente.
     Da mesma forma que uma vela, num local protegido dos ventos, queima sem trepidar, tal é a semelhança da firmeza mental alcançada pela pessoa bem disciplinada durante essa prática de meditação.
   Neste estado meditativo, a mente consegue tranquilidade e, através da quietude mental, contempla o Espírito e  Nele se alegra. Deste modo, realiza o supremo êxtase, que é compreensivo pelo entendimento, porém muito além dos sentidos.
     Conseguido esse estado de paz, julga que nenhuma outra aquisição pode superá-lo e, estabelecido nele, não é perturbado por intensa dor nem pelo prazer.
     Esse Estado de Yoga ou Unidade afasta o aspirante da associação com a dor e o prazer, mantendo-o na suprema paz da Comunhão Espiritual.
    Assim, ensina o Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto
    Se fizermos essa prática com zelo e perseverença, certamente um dia experimentaremos esse estado de transcendência  que nos eleva acima do prazer, da dor e de todas as dualidades, que  nos fazem rir e chorar. 


Bhagavad Gita  - Edição completa de 26 capítulos – Suddha Dharma Mandalam