No Bhagavad Gita, Arjuna, o discípulo, pergunta ao Senhor Krishna, o seu Amado Mestre: “Senhor, o que impulsiona irresistivelmente uma pessoa a pecar ou a realizar atos meritórios, mesmo sem desejar?”(Gita VI, 1).
Na
Bíblia, o Apóstolo Paulo, através de uma de suas Cartas,fez idêntico
questionamento, mais ou menos nestes termos: Senhor, por que não consigo fazer
o bem que quero e, outras vezes, sou obrigado a fazer o mal que não quero?
Como
o Bhagavad Gita é o Livro que apresenta uma exposição completa sobre o Conhecimento Sintético e sobre as Leis de funcionamento do Universo, vamos examinar, embora sucintamente, algumas das Leis que regem o processo da ação.
Lei geral da obrigatoriedade da ação.
“Se estás obcecado pelo egoísmo e decides não agir, as trigunas nascidas da
Prakriti, te impelirão a agir e, assim, tua resolução não se cumprirá(GitaXXI,22).
Com efeito,
quando alguém, ignorando as Leis que regem o funcionamento da Vida, decide não
realizar mais qualquer tipo de ato, essa decisão não se cumprirá, porque as Energias da Evolução, presentes nos seus corpos físico e sutis, atuando como
agentes da Lei do Karma, o impelirão a agir.
Lei da obrigatoriedade da ação
necessária. “Em verdade, a omissão dos atos necessários nunca é aprovada(XIX,14).
De
igual forma, as Energias do Universo, atuando
como executoras da Vontade Divina,também nos obrigam a realizar aqueles atos específicos
que o
Divino em nossos corações considera necessários para nossa evolução (Gita XIX,23).
Lei da obrigatoriedade das ações difíceis
ou que exigem esforço físico. “A não realização
das ações devido as suas dificuldades ou por temor ao esforço físico também não
é aprovada...”(Gita XIX,15).
Quando
não realizamos uma determinada ação porque achamos difícil a sua execução ou porque ela exige esforço físico, estamos violando um artigo da Lei Universal que
rege o funcionamento da Vida.
A
totalidade dos artigos dessa Lei Divina foi disponibilizada para os seres humanos no Bhagavad Gita, na edição completa desse Livro, composta de 26 capítulos, e editada pela
Suddha Dharma Mandalam.
Como
se vê, a realização das ações é uma necessidade imperiosa do processo da Vida. Nunca se pode abandonar a realização dos atos (Gita XIX,18).
Com
efeito, se, no processo da ação, também somos, algumas vezes, obrigados a fazer
o mal que não queremos e, outras vezes, não conseguimos fazer o bem que desejamos, é
porque a realização das ações não é algo tão simples quanto parece.
Na verdade, a execução dos atos constitui um processo complexo, que possui conexões
profundas e sutis com o funcionamento
global do Universo. Esse processo transcende os estreitos limites do nosso Ser Individual.
No
Bhagavad Gita, o Senhor Krishna, respondendo a uma pergunta de Arjuna sobre as
causas da ação, esclarece que o ato humano, na verdade, é um processo
complexo, constituído de cinco
causas que, somadas, constituem a Causa Total ou Divina.
1ª Causa
O Espírito Santo Universal (Atma). É a Causa Espiritual,
a principal causa de todas as ações humanas.
Na verdade, Deus é Ator Universal, que age através de suas criaturas. A Sua Santa Presença é que sustenta e dá Vida a todos os Seres. É Ele a
Inteligência e a Consciência por trás de
todos as Mentes e Intelectos.
É
quem percebe através de todos os Sentidos
e sente através de todas as Emoções. É Quem
vê através de todos os olhos e escuta através de todos os ouvidos. Ele é a Grande Vida que, embora Una
e Indivisível, atua como se fosse múltipla e separada.
2ª Causa - O
Corpo Físico (e
os sutis).
Essa é a Causa
Material e a base através da qual se realizam as ações. Nos minúsculos e
sutis átomos desses corpos, estão
armazenadas as energias que contêm a programação
do Karma individual, onde se encontram presentes alguns comandos energéticos que
influenciam poderosamente as nossas ações na vida presente. Aí é onde estão
guardadas as sementes de todas as nossas emoções, cargas e condicionamentos.
3ª Causa – O Aspirante
através do Desejo ou Vontade.
O
Desejo é uma das Energias Divinas responsáveis pelo funcionamento dos seres
humanos no processo do mundo. Sri Yanardana ensina que “Karta, o atuante, se equipara ao Desejo ou Vontade (Iccha), tendo
em vista o fato de que todo Ser Individual é primeiramente uma Energia Desejo, ou, se assim, o preferir,
um Desejo Ativo.”
4ª Causa - Conhecimento
(Gnana).
A exemplo do Desejo, o Conhecimento é uma das três Energias Divinas responsáveis pelo funcionamento dos seres humanos. É um elemento
fundamental na realização de qualquer ação. Sem o necessário conhecimento
nenhum ato pode ser realizado
perfeitamente.
5ª Causa – Ação ou
Atividade (Krya)
Ação
ou Atividade é também uma Energia Divina responsável pelo funcionamento dos
seres humanos.
Dessas
cinco causas das ações humanas, o Espirito
Santo Universal (Atma) representa o Aspecto Espiritual. O Corpo (físico e
sutis) representam o Aspecto Material. Já o Aspecto
da Energia está representado, no
processo da ação humana, pela Stri-Shakti,
a Energia feminina do Conhecimento, do Desejo e da Ação.
Na
verdade, Deus é o Ator Universal
que, através dos seus dois corpos, o Espiritual
(Atma) e o Material (Prakriti), e da
Sua Divina Energia,
a Brahma-Shakti sob a forma de Stri shakti,(Gnana-Shakti ou Energia do
Conhecimento, Iccha-Shakti ou Energia do Desejo e Krya-Shakti ou Energia da
Ação), realiza todas as ações. Os seres criados, na verdade, são os corpos
materiais de Deus.
A
Ciência que estuda as transformações do Mundo, o Bhagavad Gita, ensina que estas são as cinco causa origem de toda ação no processo do mundo (Gita VI,
2) e, também, que “qualquer ação física, mental, emocional ou intelectual que uma pessoa
execute inclui estas cinco causas(Gita VI, 4).
Como
se vê, o funcionamento da Vida tem uma base
sintética. Como almas individuais, na verdade, somos meros agentes da Ação
Universal. Se não existe nada separado no Universo, o que é uma verdade, também
não há ator individual. O Universo age através de cada um de nós.
O
nosso papel, portanto, é facilitar a ação da Grande Vida, procurando
compreender o papel relativo que temos no processo de realização de cada ato. A
grande verdade é que “Nada faço, nem sou causa de que nada se
faça”.